Ressaca pós-Carnaval

5 mar

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Em época de Carnaval, sinto-me um peixe fora d’água. Acredito que eu não seja o único neste país que odeia esse tempo de bagunça, mas tenho certeza de que ninguém o odeia mais do que eu. Não me conformo de parar um país inteiro para que milhões de pessoas simplesmente extravasem suas reais personalidades. Tudo para, aliás só começa depois disso tudo.

            O Carnaval originou-se na Grécia Antiga, por volta de 500 a.C. Era um período no qual os gregos agradeciam os deuses pela produtividade na agricultura e pecuária. Só mil anos depois é que a Igreja Católica acrescentou-a no seu calendário oficial como forma de se despedir da carne. Por todo o mundo, existem festejos populares que comemoram o período religioso, porém, com o tempo, houve uma deturpação da maneira como as festas deveriam ser realizadas.

            Na França, precisamente no século XIX, criou-se o Carnaval moderno, com pessoas fantasiadas. Tal modelo foi exportado e, hoje, o Rio de Janeiro proporciona a maior festa popular do mundo. Tenho certeza de que a Igreja, que inventou a comemoração, deve estar com os cabelos em pé.

            Por aqui, nessa época, a principal campanha governamental é relativa ao combate à transmissão de doenças causadas pelo sexo sem proteção. Neste ano, o Governo Federal distribuiu 104 milhões de preservativos, folderes educativos e outros. Além disso, gasta-se uma enormidade com a segurança, infraestrutura, marketing… mais dinheiro público esvaindo-se pelos ralos da má administração.

            Enquanto vemos o sistema público em todas as áreas minguar, no Brasil, o carnaval dá certo sem trazer nenhum benefício social. Por exemplo, reclama-se muito dos estádios para a Copa do Mundo que serão utilizados vez ou outra, em determinadas regiões mais afastadas, para jogos e outros eventos, mas ninguém reclama dos sambódromos, construídos com dinheiro público e que são utilizados apenas uma vez ao ano.

            É certo que o carnaval faz parte da cultura popular do brasileiro, todavia o interpreto como uma época de exageros. Parece que tudo pode. Não há dignidade ou caráter que se sobressaia ao excesso.           Não sou, nunca fui e nem pretendo ser moralista. O que não posso aceitar é ver crianças e jovens apoiados pelos pais se acabando no álcool e, o pior, acreditando que podem fazer isso nessas épocas.

            Em tempos de Carnaval, mesmo sem beber, quem fica de ressaca sou eu. Só por ver tantas barbaridades. Procuro me isolar para evitar o estresse. Não vejo futuro promissor para nosso país. Não por que todo mundo deixe de vislumbrar isso, mas pelo fato de o brasileiro, na sua maioria, não ter prioridade para exigir o que lhe é devido. Ele prefere festejar a lutar. Vestir uma fantasia e ser, por alguns momentos, quem ele gostaria de ser de verdade. Só que não é… e não entende isso.

Uma resposta to “Ressaca pós-Carnaval”

  1. Maria Clara Mendes março 8, 2014 às 5:20 pm #

    Olá professor , sou a Clara do 1º PP queria dizer que gostei muito do blog particularmente deste texto , enfim, também tenho um blog quando quiser venha nos visitar ^^ http://www.quartetas.com/

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