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Mão à palmatória

5 maio

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O Brasil nunca foi um país que se dignou a investir corretamente na educação. A base social, que se faz por meio da construção dos alicerces humanos, por aqui, não tem um planejamento eficaz. Interpreto a educação brasileira como uma casa feita com areia de praia, cimento ruim e um arquiteto incapaz de traçar linhas coerentes.

            Até que o Brasil investe bastante, mas, quando o dinheiro que não foi desviado pela corrupção chega é pessimamente aplicado. Não temos gestores capazes de compreender as reais necessidades da educação brasileira, que começa no ensino de base. Preocupamo-nos muito com o superior e deixamos à míngua o começo da construção do ser humano. Também não adianta bater na tecla de que apenas o salário do professor é a causa mais contundente do problema. Se o profissional não tiver sido bem preparado para lecionar, não há salário alto que resolva.

            A situação está ainda mais caótica hoje por conta da tal crise que o governo não assume existir. Sem mais nem menos, o ministro da Educação, em entrevista coletiva, afirmou que não há mais dinheiro para o Financiamento Estudantil. Secou a fonte. Toda aquela balela de que o servidor da internet estava sobrecarregado foi uma pataquada monstruosa. Metade dos alunos deixará de receber auxílio do governo para começar ou concluir seus estudos.

            Porém, isso não é culpa apenas de um partido político. A questão é outra. No Paraná, estado governado por direitistas, a situação da educação é um símbolo da desorganização e descaso. O estado digladiando com os professores, profissionais da área que lutam todos os dias para fazer o que, muitas vezes, a família e as outras instituições sociais não fazem: alicerçar o ser humano.

            Evidentemente, não julgo a qualidade dos profissionais, mas todo um sistema falido que não tem nenhuma perspectiva de melhoria no futuro. Parece que os políticos têm nojo do ato de educar. Povo bom é povo ignorante, pois não sabe analisar o sentido, por exemplo, de escolher bem seus representantes.

            Cada bomba atirada num professor e cada cassetete que atinge um educador não representa apenas a dor física; isso comprova a visão que o sistema político tem para com a educação. Seria como aqueles profissionais antigos que penalizavam os alunos com a palmatória. Os professores, hoje, seriam as mãos que receberiam a pena.

            Toda essa situação representa o reflexo da descaracterização da civilidade. Se nem a educação, que deveria ser o estandarte da onipotência da capacidade humana é respeitada, imagine o indivíduo como ser integral! Pode ser que devamos colocar a mão à palmatória. Somos todos culpados pelo mal cheiro que exala da incompetência de quem governa. Que o sistema nos castigue!

Marina Silva: a bola da vez?

29 ago

Marina

As eleições desse ano corroborarão o fato de o Brasil votar com emoção. Até dois meses atrás, acreditávamos que, caso houvesse segundo turno, a atual presidente Dilma Rousseff (PT) enfrentaria o tucano Aécio Neves (PSDB). O trágico acidente de avião que matou o presidenciável Eduardo Campos alterou substancialmente as pesquisas de intenção de voto.

               Marina Silva (PSB), até tentou abraçar uma candidatura própria pela Rede Sustentabilidade, partido criado por ela, porém não obteve êxito, já que não conseguiu o número de assinaturas suficiente para tal feito. Assim, aceitou ser vice na chapa de Campos. Eis que o avião, por causas misteriosas, cai em Santos. De vice, Marina alçou um voo tão alto que, se as eleições fossem hoje, venceria Dilma no segundo turno.

               Dilma Rousseff tem a taxa de rejeição maior do que a dos outros candidatos. Além disso, não anda convencendo muito em seus discursos pela falta de propriedade nas falas. Aécio Neves ainda parece ser um desconhecido aos olhos do grande público. Marina, entretanto, no último pleito, obteve sólidos 20 milhões de votos.

               A história da candidata do PSB é um exemplo de vitória. Foi companheira de luta do lendário Chico Mendes. Dedicou parte de sua vida à proteção dos seringueiros no Acre. Aprendeu a ler e a escrever muito tarde. Formou-se professora de história e começou a lecionar. Foi eleita vereadora – mais votada – de Rio Branco em 1988 e não saiu mais da política.

               A viúva de Chico Mendes afirmou que Marina representa a pobreza do Brasil. Eu complemento: ela é o símbolo das camadas mais pobres que lutam por um futuro digno por meio do trabalho; não representa a elitização da política, como o PSDB, nem a estagnação, como o PT. Temos o costume de enxergar com o coração.

               Marina está mais confiante, experiente e tem a consciência de que a possível vitória nas eleições não será fácil. Há uma barreira imensa a ser transposta e que há quase duas décadas gerencia o país. Desde 1995, os brasileiros polarizam a estrutura governamental em PSDB e PT. Como a crise econômica ataca seriamente o Brasil e a atual equipe econômica não consegue controlá-la, os brasileiros talvez estejam pensando em mudar de vez.

               Ela consegue falar e ser compreendida. Com uma retórica simples, vai traçando pontos importantes na busca pelo cargo. Não se exalta e, por vezes, é motivo de chacotas. Nas redes sociais, chegou a ser rotulada – e ofendida – por não ter uma imagem que convirja com os malditos padrões.

               No entanto, uma coisa é certa: Marina é a cara do brasileiro que luta. Não deve ser fácil sair do Acre e vencer tantos desafios. Estamos carentes de um líder-nato. De uma pessoa em que possamos confiar. Pode ser que a história da ex-seringalista possa se fundir com a do Brasil. No momento, é o que há de mais provável.

               Tenho esperanças de que alguma coisa pode mudar desde que o PT saia do poder. Não temeremos o novo; as mudanças precisam ser feitas com coragem e determinação. A fé não pode acabar. Somos ricos de espírito e essa riqueza deveria ser estendida as nossas decisões. Um país tão rico quanto o nosso não pode estar perdido, jogado ao léu. Não é possível que, mesmo sendo a sétima economia do planeta, passemos por tantas dificuldades e incertezas. A Marina deve ser a bola da vez. Não nos decepcione.