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Todos são iguais perante a lei?

19 ago

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A política brasileira tornou-se uma grande babaquice. Não vemos mais interesses comuns. Pelo contrário. O poder dominou todos os setores e notamos apenas interesses pessoais. Cada um quer fazer o seu “pé de meia” e deixar a família bem de vida.

            Padre Antônio Vieira já dizia no século XVII alertava a povo sobre as consequências da corrupção. Atente-se! SÉCULO XXVII. Em 1655, proferiu o sermão intitulado “Sermão do Bom Ladrão”, na Igreja da Misericórdia de Lisboa, perante Dom João IV e toda a sua corte.

            “Navegava Alexandre em uma poderosa armada pelo mar Eritreu a conquistar a Índia; e como fosse trazido à sua presença um pirata, que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão mau ofício: porém ele, que não era medroso nem lerdo, respondeu assim: Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador?”

            A última frase diz muito bem o que se reflete na sociedade atual. Os que roubam pouco são bandidos, os que roubam muito são líderes, gestores, “imperadores”. Não é possível que não se cale essa mania do brasileiro de dar jeitinho em tudo. Tal jeitinho que desde a década de 70 transformou-se num verdadeiro mantra da nação.

            Há o malandro carioca, o amigo do gerente do banco que usa esse artifício para furar filas, os poderosos que dão “carteiradas” e até uma arquiteta já enfrentou policiais, ofendendo-os apenas por que eles suspeitaram do carro. Foi autuada por desacato.

            O problema está tão arraigado no Brasil que a primeira coisa que os portugueses fizeram ao chegar por aqui foi subornar os índios com espelhinhos e adereços para serem aceitos. Péssima hora para aceitar os regalos. Os silvícolas foram tomados como escravos e foram dizimados com o passar dos anos.

            No mesmo caminho, recebemos bandeirantes – que tiveram um papel fundamental na descoberta de novas terras, ouro e outras preciosidades – que não se eximiam de matar quem atravessasse suas rotas. Sem comentar dos piratas, traficantes de escravos etc.

            Vivemos, hoje, uma crise política, pois a gordurinha da carne acabou. Ficou o miolo, que já, já vai escorregar pela garganta dos farfalhões que repudiam a moral e a dignidade da parte trabalhadora do povo brasileiro, que não depende de favores pessoais. Isso vai mudar? Creio que não, pois “não é com vinagre que se apanha mosca”.

Tempestade sem bonança

8 abr

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Dizer que o Brasil passa por uma crise brava é chover no molhado; já caiu no uso comum. Não bastassem os achaques vindos do exterior, confirmando a fragilidade da economia brasileira, ainda nos assustamos com a divulgação da inflação média do mês de março, muito além do esperado pelos órgãos do Governo. A principal causa, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi o aumento exorbitante da energia elétrica.

            Apesar desse amplo aspecto negativo que paira sobre nós, parece ilusória a posição brasileira no ranking de potências econômicas: sétimo lugar. Uma verdadeira potência! Outro lugar-comum é que o Brasil é um país de proporções continentais, bonito por natureza e composto por um povo trabalhador. Tudo correto, a não ser pelo fato disso tornar-se desculpa pelas adversidades e contratempos pelos quais passamos agora.

            Temos medo; e isso está no fato de que não podemos confiar no futuro, já que as incertezas político-econômicas são a causa maior para que percamos o chão. Trabalhar, pagar impostos sem ter nada em troca; absolutamente nada. Vivemos inseguros, solitários num mundo obscuro no qual, talvez, desconfiemos da própria sombra. Em quem confiar?

            Quando se trata de crise econômica outros problemas surgem, como a violência. É evidente que os índices de crimes não partem apenas disso, mas faltando oferta de empregos, aumenta-se a marginalidade, assim tornamos o ambiente mais inóspito. Somos alvos fáceis.

            Nos últimos anos, acostumamo-nos a ter dinheiro no bolso, comprar o que necessitávamos, viajar, ter o conforto real proveniente dos nossos esforços. Agora, nosso suor não é mais capaz de acompanhar esse trilhar da vida. Não nos acostumamos mal. Apenas tivemos aquilo que minimamente era justo. Com tais crises, precisamos controlar a situação financeira e maquiar o estresse por não ter o que precisamos.

            Porém, não precisamos apenas do conforto, mas, sim, de uma paz que parece não existir. A calmaria não está próxima nem mesmo a luz no fim do túnel apareceu de relance. Há muita tempestade por vir. Passaremos por terremotos nunca dantes sentidos. As contendas serão épicas. Quem sofrerá, mais uma vez, será o lado mais fraco: nós.

Ilha da dignidade

8 mar

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Quando se trata de política brasileira automaticamente a relacionamos ao conceito de corrupção. Independente de partido X ou Y, hoje vemos uma avalanche de denúncias. A Operação Lava Jato, que busca desbancar um esquema fraudulento que surrupiou dinheiro público numa escala bem maior do que o “Mensalão”, é o assunto do momento.

          Enquanto antes comentávamos nas rodas de amigo sobre quem matou Odete Roitman, hoje vemos, perplexos, que o sistema político brasileiro vigente é falho e representa um convite à falência do país. O Brasil morre a passos lentos; agoniza em berço esplêndido e está à mercê de interesses escusos de homens e mulheres que buscam apenas o bem comum e não os interesses gerais da população.

          A corrupção assola todos os espaços das gestões públicas, sejam municipais, estaduais e federais. Segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, estima-se que o Brasil perde cerca de R$ 100 bilhões por ano em corrupção. Caso esse mal não existisse, cada brasileiro seria 27% mais rico.

          Talvez essa riqueza não se refira apenas ao dinheiro em conta, mas um retorno às mais básicas das necessidades, como educação, saúde, segurança, moradia etc. Hoje, não temos o mínimo, e o pouco que temos é levado por impostos que nunca serão revertidos de acordo com os princípios de dignidade humana.

          A situação é tão alarmante que estamos perdendo uma das empresas consideradas mais importantes do mundo, a maior do Brasil: a Petrobras. Não consigo conceber a ideia de que uma multinacional exploradora de petróleo esteja nessas condições por incompetência administrativa e desonestidade de um grupo de pessoa, a começar pela presidente da República Dilma Rousseff, que viu a plataforma afundando aos poucos e nada fez.

          O que fazer quando se sente isolado à beira do caos? A quem recorrer? Estamos à deriva no meio do oceano. Nosso barco não tem estrutura para aguentar outra onda gigante de pessimismo e desonestidade. O casco já está bem fino de tanto bater nas duras rochas da incompetência. O motor já parou faz tempo e, como sempre, o que o faz andar é a força do brasileiro que rema, incansável, a troco de um pedacinho de terra na tão sonhada ilha da dignidade.